"Hoje era um dia para nem se ter acordado!", pensou. Com seu cabelo minguado colado ao rosto caminhou até o banheiro despiu-se e se lavou. Tinha a feição triste, abatida. Enfim viver mais um dia...

A rotina do trabalho foi corrida, mas é isso quem enfrenta quem lida com clientes, nem sempre estão felizes. "Ainda são três horas, poxa!", pensou enquanto fitava o relógio pelo canto do olho. "Até às cinco vai ser duro!". Mesmo assim não desanimou. Recorreu aos amigos, pediu ajuda, sorriu... As horas felizmente passaram, era hora de descançar.

Talvez a o tempo não queria passar de propósito. Talvez já soubesse que algo não daria certo, que o ciclo estava por terminar. Talvez, só talvez por isso que o carro deslocou-se quase em efeito lento pela rua antes de perder o controle. Talvez a hora não passava por saber quem era o carona, para preseervar os últimos instantes. Porque a hora sabia o delito que seria cometido, sabia do carro, do carona, do louco na bicicleta, do desvio, do vão da ponte, do rio. possivelmente até sabia que justamente o carona ficaria submerso, preso em seu cinto, sem direito ao menos de pedir perdão por tudo que fez na vida, ja que o desespero para se soltar e tentar viver era maior.

"Hoje era um dia para nem se ter acordado!!", pensou a caminho do seu juizo final...

Às vezes temos a escolha nas mãos. Mas ela apenas adia o que a imprecisão faz acontecer.